domingo, 8 de maio de 2016

LINGUA PORTUGUESA Revisão

LINGUA PORTUGUESA


UNIDADE 1 - LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO


LINGUAGEM


     A linguagem é a base mais profunda da sociedade humana. Ela existe como meio de 
comunicação enquanto transmitida. A linguagem verbal representa, organiza  e transmite o 
nosso pensamento, é, portanto, elemento fundamental para a comunicação, garantindo a 
todos nós, pelo processo de interação, o contato com o “outro”. 

      Segundo Bechara (2001), “entende-se por linguagem qualquer sistema de signos 
simbólicos empregados na intercomunicação social para expressar e comunicar ideias e 
sentimentos, isto é, os conteúdos da consciência”. 

     Todo esse processo se dá pela interação social, nas relações dialógicas entre os 
sujeitos e por meio da linguagem constituída pelo verbal ou não verbal. O ambiente 
em que nos encontramos, as pessoas com quem nos comunicamos, as nossas intenções, o 
conhecimento que temos sobre a língua usada como instrumento de comunicação, a forma 
com que construímos o tipo de texto ou discurso, tudo isso faz com que diferentes níveis de 
linguagem sejam usados.  

1.  Níveis de Linguagem 


     Dentre os estudiosos da língua, encontram-se várias definições sobre níveis de 
linguagem, mas a maioria deles considera que o uso da língua pode ocorrer em dois níveis: o 
coloquial e o culto, determinados pela cultura e formação escolar, pelo grupo social a que 
pertencem e pela situação concreta em que a língua é utilizada. Além disso, a língua pode ser 
utilizada em dois registros diferentes: o  formal  e o  informal, que admitem certa escala de 
graus, indo do mais formal ao mais informal. 

     O  nível culto,  mais utilizado em ocasiões formais, é também aquele que mais 
obedece às regras gramaticais. Por outro lado, o nível coloquial ou popular é utilizado na 
conversação diária, em situações informais, descontraídas. Há,  nesse nível de linguagem, o 
registro informal da língua, ou seja, uma utilização mais espontânea e criativa da linguagem.  

     Nos diálogos do cotidiano, podemos perceber deslizes de concordâncias, repetições e 
até cacoetes típicos da oralidade. Por exemplo,  uma dona de casa, ao participar de uma 
entrevista, pode expressar sua opinião sobre a atuação dos jogadores na Copa utilizando 
alguns clichês típicos do nível coloquial como: “fiquei em cima do muro” e “pelo andamento 
da carruagem”. Além disso, sua fala pode apresentar elementos típicos da oralidade como o 
“né?” e expressões curiosas como: “na dura força”. Podem acontecer ainda deslizes na 
concordância: “veio duas amigas...” 

     É possível observar o uso da língua em nível coloquial também no texto escrito, não só 
na reprodução da fala de algumas personagens na literatura como também em bilhetes de 
nosso dia a dia, nos e-mails e textos pela internet.  

     Preti (2003) prefere tratar esses dois níveis de linguagem como dialetos, fazendo a 
seguinte divisão: o  dialeto social culto, que “se prende tanto às regras da gramática, 
tradicionalmente considerada normativa e aquela comumente ensinada na escola, como aos 
exemplos da linguagem literária, mais conservadora”; e o dialeto social popular que “é mais 
aberto às transformações da linguagem oral do povo.” 

     Essa posição, todavia, não é aceita pela sociolinguística, que vê na ocorrência de 
ambos os níveis  um natural processo de variação linguística que atende, assim, às mais 
diversas situações de comunicação na sociedade. 

    Em rigor, ninguém comete erro em língua. O que normalmente se comete são 
transgressões às regras gramaticais. De fato, aquele que, num momento íntimo do discurso 
diz: “Ninguém deixou ele falar”, não comete propriamente um erro: na verdade transgride à 
determinada regra da gramática normativa.  

     Falar errado é não se fazer entender em seu meio ou usar uma variedade inadequada 
ao ambiente em que se encontra, pois há fatores sociais, econômicos e regionais que 
justificam a variação. 

2.  Modalidade Oral e Escrita 


     Segundo Mac-Kay (2000), “na linguagem, as modalidades oral e escrita se completam, 
guardando cada uma suas propriedades. 

     Conforme observa a autora, a fala e a escrita constituem duas possibilidades de uso da 
língua que utilizam o mesmo sistema linguístico e que, apesar de possuírem características 
próprias, não devem ser vistas de forma dicotômica, ou seja, totalmente distinta. 

     Tais condições estão em estreita relação com o contexto, com as condições de 
interação, com os interlocutores e com o tipo de processamento da informação. Assim, na 
língua falada, há entre falante e ouvinte um intercâmbio direto, o que não ocorre com a língua 
escrita, na qual a comunicação se faz geralmente na ausência de um dos participantes;




 Para complementar as informações teóricas sobre a importância da atenção e do
cuidado com a linguagem verbal escrita para o sucesso da comunicação, destacamos a
observação do Novo Acordo Ortográfico, vigente desde o ano de 2009 para os países

lusófonos.

Saiba o que muda com o novo acordo ortográfico

1. Alfabeto - ganha três letras.

Antes: 23 letras

Depois: 26 letras, entram k, w e y

2. Trema - desaparece em todas as palavras.
Antes: freqüente, lingüiça, aguentar.  Depois: frequente, linguiça, aguentar.
* Fica o acento em nomes como Müller

3.1 Acentuação - some o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas
(as que têm a penúltima sílaba mais forte).

Antes: européia, idéia, heróico, apóio, bóia, asteróide, Coréia, estréia, jóia, platéia,
paranóia, jibóia, assembléia.

Depois: europeia, ideia, heroico, apoio, boia, asteroide, Coreia, estreia, joia, plateia,
paranoia, jiboia, assembleia.

* Herói, papéis, troféu mantêm o acento (porque têm a última sílaba mais forte).

3.2 Acentuação - some o acento no i e no u fortes, depois de ditongos (junção de duas
vogais), em palavras paroxítonas.

Antes: Baiúca, bocaiúva, feiúra    

Depois: Baiuca, bocaiuva, feiura

* Se o i e o u estiverem na última sílaba, o acento continua como em: tuiuiú ou Piauí.

3.3 Acentuação - some o acento circunflexo das palavras terminadas em êem e ôo (ou
ôos.)

Antes: Crêem, dêem, lêem, vêem, prevêem, vôo, enjôos.

Depois: Creem, deem, leem, veem, preveem, voo, enjoos.



3.4 Acentuação - some o acento diferencial

Antes: Pára, péla, pêlo, pólo, pêra, côa

Depois: Para, pela, pelo, polo, pera, coa

* Não some o acento diferencial em pôr (verbo) / por (preposição) e pôde (pretérito) /
pode (presente). Fôrma, para diferenciar de forma, pode receber acento circunflexo.

3.5 Acentuação - some o acento agudo no u forte nos grupos gue, gui,  de verbos como
averiguar, apaziguar, arguir, redarguir, enxaguar.

Antes: Averigúe, apazigúe, ele argúi, enxagúe você.

Depois: Averigue, apazigue, ele argui, enxague você.

Observação: as demais regras de acentuação permanecem as mesmas.


4. Hífen - veja como ficam as principais regras do hífen com prefixos:







   Para complementar as informações teóricas sobre a importância da atenção e do
cuidado com a linguagem verbal escrita para o sucesso da comunicação, destacamos a
observação do Novo Acordo Ortográfico, vigente desde o ano de 2009 para os países
lusófonos.

Saiba o que muda com o novo acordo ortográfico

1. Alfabeto - ganha três letras.

Antes: 23 letras

Depois: 26 letras, entram k, w e y

2. Trema - desaparece em todas as palavras.

Antes: freqüente, lingüiça, aguentar.  Depois: frequente, linguiça, aguentar.

* Fica o acento em nomes como Müller

3.1 Acentuação - some o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas

(as que têm a penúltima sílaba mais forte).

Antes: européia, idéia, heróico, apóio, bóia, asteróide, Coréia, estréia, jóia, platéia,
paranóia, jibóia, assembléia.


Depois: europeia, ideia, heroico, apoio, boia, asteroide, Coreia, estreia, joia, plateia,
paranoia, jiboia, assembleia.

* Herói, papéis, troféu mantêm o acento (porque têm a última sílaba mais forte).

3.2 Acentuação - some o acento no i e no u fortes, depois de ditongos (junção de duas
vogais), em palavras paroxítonas.

Antes: Baiúca, bocaiúva, feiúra    

Depois: Baiuca, bocaiuva, feiura

* Se o i e o u estiverem na última sílaba, o acento continua como em: tuiuiú ou Piauí.

3.3 Acentuação - some o acento circunflexo das palavras terminadas em êem e ôo (ou
ôos.)

Antes: Crêem, dêem, lêem, vêem, prevêem, vôo, enjôos.

Depois: Creem, deem, leem, veem, preveem, voo, enjoos.

3.4 Acentuação - some o acento diferencial

Antes: Pára, péla, pêlo, pólo, pêra, côa

Depois: Para, pela, pelo, polo, pera, coa

* Não some o acento diferencial em pôr (verbo) / por (preposição) e pôde (pretérito) /

pode (presente). Fôrma, para diferenciar de forma, pode receber acento circunflexo.

3.5 Acentuação - some o acento agudo no u forte nos grupos gue, gui,  de verbos como
averiguar, apaziguar, arguir, redarguir, enxaguar.

Antes: Averigúe, apazigúe, ele argúi, enxagúe você.

Depois: Averigue, apazigue, ele argui, enxague você.

Observação: as demais regras de acentuação permanecem as mesmas.

4. Hífen - veja como ficam as principais regras do hífen com prefixos:



UNIDADE 2 - ESTRATÉGIAS DE LEITURA


1. O que é ler? 



     Antes de definir o que é ler, é importante distinguir informação de conhecimento. A informação é adquirida sempre que estamos em contato com as coisas do mundo. Quanto mais atentos ficarmos às informações, para estabelecer relações com os conhecimentos que já possuímos, mais conhecimento e melhor desempenho teremos, tanto acadêmico quanto profissional.

     Atualmente, o acesso ilimitado à rede de informações favorece muito esse contato nas diferentes situações do cotidiano. Te

Nesse processo, a leitura se constitui numa habilidade decisiva para a

construção do conhecimento. É muito comum as pessoas dizerem que não gostam de ler e que não leem com frequência. Para muitas pessoas, ler é apenas decodificar a mensagem para depois, reproduzi-la. Para outros, a dificuldade de memorizar tudo o que leem leva ao distanciamento do ato de ler e consequente rejeição da leitura.

     Ler não é simplesmente decodificar letras. Não lemos apenas palavras, mas também imagens, gestos, expressões faciais, comportamentos e atitudes. Ler é compreender o mundo que nos cerca. Ler é tomar contato com o pensamento do outro para poder criar o próprio pensamento. Para tanto, não podemos ficar passivos diante de um texto; devemos ser um leitor crítico que pode concordar ou
discordar, que pode criar novas ideias a partir da leitura.

      Para Freire (1985: 22), “a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquela”.

      Essa frase de Freire nos remete à importância dos nossos conhecimentos prévios e das Experiências vividas para a construção dos  sentidos dos textos que lemos e reforça a ideia de que a compreensão só ocorre quando estabelecermos relações entre as informações do texto e os conhecimentos que já possuímos.

     É fato que estamos acostumados a relacionar a leitura apenas a livros. Além disso, é comum nos referirmos à leitura pensando apenas na decodificação de palavras.

     No entanto, nos dias de hoje, é bastante complicado afirmar que  uma pessoa que está conectada à modernidade não leia absolutamente coisa alguma. É só pararmos para refletir no nosso dia a dia para constatarmos quantas vezes estamos em contato com a leitura. Lemos tanto o destino do transporte que iremos usar quanto os  e-mails de trabalho e outros documentos, só para citar algumas ações rotineiras.

     A sensação de que não lemos deve-se ao fato de que muitos de nós não têm o hábito de ler com o objetivo de entretenimento ou de busca de conhecimento. Mas é certo que estamos sempre em busca de informações. Mesmo assim, poucas vezes lemos textos formais como jornais, revistas, livros etc. E, mesmo quando os lemos, raramente refletimos sobre essas leituras. As justificativas para isso são muitas: falta de tempo, preguiça, dificuldade de entendimento ou mesmo por falta de hábito de ler esse tipo de material.

·  ler é um ato solitário  –  no mundo moderno, temos cada vez mais dificuldade de encontrar privacidade e de estar sozinho;

·  ler demanda tempo  –  atualmente o excesso de trabalho e a oferta de entretenimento é tão grande que resta pouco tempo para a leitura. Quando estamos com um tempo livre em casa optamos pela TV, pelo DVD, pela navegação nas redes sociais;

·  ler está ligado à maturidade  –  não basta apenas decodificar códigos, ou atribuir significado a palavras, é preciso estabelecer relações para compreender os seus sentidos. A compreensão depende de experiências vividas e de conhecimentos de diversos tipos.

     Entretanto, na vida acadêmica, a leitura assume outras funções, extremamente importantes para o nosso desenvolvimento tanto acadêmico quanto profissional. Na vida acadêmica e profissional, ler não é uma ação gratuita. A leitura deve ser sempre orientada por um objetivo preciso: informar-se, selecionar e coletar informações, condensar e reformular informações.

      Resumindo, na universidade, ler  significa apropriar-se de uma informação, relacioná-la aos nossos conhecimentos para produzirmos novo conhecimento.

2. Leitura: um Processo Ativo e Dinâmico 

A leitura é um processo cognitivo único para qualquer indivíduo, em
qualquer língua. A diferença entre um leitor proficiente, isto é, um leitor competente, que
possui um bom aproveitamento sobre o que lê, e um leitor inexperiente, não reside
apenas no processo de estabelecer sentidos a partir do texto, mas na maneira
como cada um deles dinamiza esse processo, tanto desenvolvendo estratégias (de
seleção, de predição e de inferência) como também utilizando os conhecimentos já
adquiridos, ou seja, os conhecimentos prévios para compreender o que lê.

Aprender a ler com eficiência implica, pois, o desenvolvimento de
estratégias e a utilização de conhecimentos prévios. O sentido é criado a partir do
texto, entretanto, extrair esse sentido depende do que o sujeito-leitor armazena na
memória e da maneira como ele ativa sua memória no momento da leitura.

Nossa memória tem uma capacidade de armazenamento muito grande.
Tudo aquilo que aprendemos e que vivemos, fica ali “guardado”. Quando nos
deparamos com situações novas, ou com um novo texto, nossa memória é ativada:
ela fornece os dados armazenados que podem ter relação com a informação nova
e estabelece as relações necessárias para, a partir da informação fornecida pelo
texto e os conhecimentos ativados pela memória, sermos capazes de construir
sentidos na leitura do texto. Por isso dizemos que nossa memória “trabalha”; ela
efetivamente nos ajuda a ler e compreender.

Tudo isso ocorre porque a característica mais importante do processo da
leitura é a busca do sentido do texto. O sentido é construído e reconstruído durante
a leitura e releitura; a cada informação nova com que nos deparamos, a memória

ativa outros conhecimentos e nós estabelecemos novas relações, novos s

3. A Importância dos Conhecimentos Prévios

      A compreensão de um texto somente é possível se o leitor já possuir previamente algum conhecimento do qual possa partir para processar as informações contidas no texto: só se compreende o que não se conhece a partir do já conhecido. Não é interessante pensar que há sempre um aproveitamento de nossas leituras anteriores para a leitura que estamos fazendo nesse momento?
Nossas leituras dependem, portanto, em grande parte, dos conhecimentos que já possuímos, ou seja, de  nossos conhecimentos prévios. As leituras que precedem a leitura em questão, os conhecimentos adquiridos de maneira formal, ou não, são fatores que possibilitam uma boa interpretação e compreensão do texto.

      Além disso, o sentido de um texto não é construído somente por meio de elementos explícitos; a compreensão constitui um processo que requer cálculo mental. As inferências constituem um exemplo prototípico de cálculo mental, pois elas são o processo pelo qual o leitor adquire informação partindo de informações textuais explicitamente apresentadas e levando em conta o contexto.

      Podemos definir inferência como um processo que permite gerar novos sentidos, ou novas informações a partir do estabelecimento de relações entre as informações que estão explícitas no texto e os nossos conhecimentos. Assim, por exemplo, a partir da piadinha a seguir:

A professora perguntou para Nino:

-  Você tem sete bombons. Como é que você faz para dividir com a sua
irmãzinha?

E o Nino responde:

- Dou quatro para mim e três para ela.

- O que é isso, Nino? Você ainda não sabe dividir?

- Eu sei. Mas minha irmã não sabe...

      Podemos inferir, com base nas informações explícitas no texto, que Nino é malandro, ou seja, deseja tirar vantagem da falta de conhecimento da irmãzinha, pois, consciente de que ela não sabe fazer a operação de divisão, tem a intenção de  enganá-la. Essa informação não está dita explicitamente no texto, mas a diferença na quantidade de bombons que ele distribuirá é vantajosa a seu favor. As informações presentes no texto associadas a nossos conhecimentos socioculturais
sobre o comportamento  das pessoas nos permitem construir uma avaliação a respeito do personagem. Essa avaliação se dá por um processo inferencial.

      O conceito de conhecimento prévio engloba ainda conhecimentos de diversas ordens: sobre a língua e seu funcionamento, sobre os textos e  suas estruturas, sobre o mundo em geral, sobre a especificidade da situação de comunicação, além daqueles adquiridos por meio das experiências pessoais do leitor.

      Portanto, podemos identificar, entre outros, três grandes conjuntos de conhecimentos prévios: o conhecimento linguístico, o conhecimento textual e o  conhecimento de mundo.  Obviamente, esses três grandes conjuntos de conhecimentos se articulam e a ativação de todos eles permite ao leitor transformar uma estrutura isolada e fragmentada na memória numa entidade mais completa e
coerente.

     O  conhecimento linguístico  representa a competência do falante em relação à gramática de sua língua materna que, por sua vez, permite ao leitor perceber a maneira pela qual o texto foi tecido: sua ligação interna, sua textualidade, sua unidade.

     O  conhecimento textual  é construído pela convivência com diferentes textos  em diferentes situações. Kleiman (1997) ressalta que “quanto mais conhecimento textual o leitor tiver, quanto maior a sua exposição a todo tipo de texto, mais fácil será a sua compreensão.”

     O conhecimento de mundo corresponde ao conjunto de conhecimentos que o leitor adquiriu em seu processo de aprendizado formal e informal, incluindo também suas experiências pessoais.

4. Estratégias de Leitura


     As dicas que apresentamos a seguir são direcionadas para a leitura de textos teóricos para estudos. Afinal, na vida acadêmica é importante lançar mão de estratégias de forma consciente. Veja 
algumas etapas que auxiliam a compreender melhor os textos para seus estudos. Antes de começar a ler o texto propriamente, explore-o um pouco, de forma global, a fim de apreender, brevemente, a imagem do documento escrito: 

  Observe o que circunscreve o texto: os outros textos e/ou as ilustrações que estão em torno dele. 

  Tome consciência da extensão do texto (quantas páginas) a fim de planejar o tempo que despenderá na leitura (não adianta, por exemplo, deixar para ler um texto de 20 páginas trinta minutos antes do início da aula para a qual o professor pediu a leitura). 

  Tome conhecimento dos títulos: o título do texto e os subtítulos, pois eles fornecem pistas sobre o assunto que será desenvolvido. 

  Observe a apresentação e o estilo: uma expressão em negrito, por exemplo, pode indicar um elemento para o qual o autor quer chamar a atenção dos leitores; um texto em itálico ou entre aspas pode indicar uma citação ou uma ressalva por parte do produtor do texto. 

  Procure identificar quem é o autor do texto e informe-se sobre ele.  

  Observe o gênero do texto, pois os gêneros têm características próprias de organização de acordo com a sua função. 
Depois de preparar-se para a leitura, é importante fazer uma leitura rápida, mas integral, sem deter-se em palavras e estruturas desconhecidas ou complexas:  

  Dirija a atenção às estruturas e expressões identificáveis, conhecidas, para apreender a ideia principal ou a tese desenvolvida no texto (lembre-se de que compreendemos um texto a partir de nossos conhecimentos já armazenados na memória).  

  Releia atentamente a introdução e a conclusão, pois elas trazem informações globais.  
Depois de passar por essas duas etapas, você estará preparado para uma boa leitura, que certamente será mais seletiva:  

  Inicie a leitura com a identificação das palavras e expressões desconhecidas e a elaboração de um vocabulário do texto, recorrendo ao dicionário. 

  Em seguida, passe à leitura seletiva propriamente, que consiste em sublinhar no texto: 

a)  As expressões, as palavras e as frases-chave que exprimem as ideias mais importantes do texto. 

b)  As expressões que indicam a articulação do texto.  

c)  As passagens significativas que revelam o desenvolvimento das ideias mais importantes (eliminando os exemplos ilustrativos, as enumerações, as repetições, as redundâncias). 
     Para garantir o bom aproveitamento do texto e para não ter que voltar a lê-lo integralmente quando tiver que retomá-lo para estudos, aconselhamos que, depois de passar por essas três etapas, você sistematize as informações do texto lido, por meio um esquema, ou seja, um plano do texto lido. Esse plano pode ser muito útil na hora de estudar para a prova, por exemplo. 

     Para a elaboração do plano, siga os seguintes passos: 

  Extraia de cada parágrafo as ideias ou expressões essenciais e resuma-as em uma palavra-chave ou em um título. 

  Extraia as  ideias secundárias ou complementares  e também as  resuma em uma palavra-chave ou em um subtítulo, logo abaixo  das ideias principais. 

  Anote os elementos de articulação lógica entre cada ideia importante a fim de conservar a organização global do texto. Elabore o  plano do texto  lido,  organizando de forma hierárquica  os 
elementos que você levantou. 
  
Em síntese:  
A leitura do texto teórico permite assimilar que: 

  O processo de leitura vai muito além da decodificação de palavras.  

  O leitor lança mão de sua memória e trabalha ativamente para compreender o texto. Afinal, ler é atribuir sentidos ao que lemos.  

  O leitor  recorre a seus conhecimentos prévios para ser ativo durante a leitura isto é, ele recorre àquilo que já aprendeu.  

  Os conhecimentos prévios podem ser de três ordens diferentes: conhecimento linguístico  (domínio da língua, de sua gramática, etc.) conhecimento textual  (reconhecer diferentes gêneros/modos ou formas textuais de dizer) e  conhecimento de mundo  (o que corresponde às 
experiências e vivências do leitor, a bagagem que acumulou durante a trajetória de leitor ou convivência em determinada cultura e ambiente social). 

  O leitor deve recorrer conscientemente não só a seus conhecimentos prévios no momento da leitura, mas também estabelecer estratégias de leitura, isto é, efetuar uma série de ações que o auxiliem a atribuir sentidos ao texto, produzindo novos conhecimentos, tornando-se, assim, um leitor cada vez mais proficiente. 

5. A Gramática como Estratégia de Leitura e de Produção de
Texto: a Concordância Verbal e Nominal

      O conhecimento das regras gramaticais da língua é importante recurso estratégico  para a leitura e produção dos sentidos de um texto. Por essa 

5.1 A concordância verbal na construção dos sentidos do texto

     Damos o nome de concordância ao mecanismo pelo qual as palavras subordinadas, isto é, palavras que obedecem ao comando das relações de unidade  e sentido na frase, alteram sua forma para se adequar harmonicamente às palavras subordinantes. 

       A estrutura que organiza uma frase compõe-se de dois elementos básicos: o sujeito  (representado por um nome/substantivo ou palavra equivalente) e um predicado (representado sempre por um verbo). À relação que se estabelece entre o verbo e o sujeito, damos o nome de concordância verbal. 

       A regra fundamental desse mecanismo linguístico determina que o verbo deve concordar em número (singular e plural) e pessoa (eu, ele/a, nós, eles/as) com seu sujeito. Observemos como se dá a concordância verbal na frase: 

      A cada início de ano, as pessoas renovam hábitos, atitudes e comportamentos na busca de melhor qualidade de vida. 

      Quem renova hábitos, atitudes e comportamentos?  –  as  pessoas  é o núcleo do sujeito. 

      O que as pessoas fazem? – renovam hábitos, atitudes e comportamentos, renovam é o núcleo verbal do predicado. O verbo “renovar” altera a sua desinência, isto é, a marca que indica pessoa e número para se adequar ao sujeito “pessoas”. 

      Quando o sujeito é composto por mais de um núcleo, o verbo concorda sempre no plural. Se os núcleos forem de pessoas diferentes, a primeira pessoa sempre prevalece sobre a segunda e essa, sobre a terceira: 

Eu e os demais convidados deixamos o local rapidamente. 

Eu e os demais: sujeito composto. Deixamos: núcleo do predicado 

O verbo vai concordar, então, com a primeira pessoa do plural, “nós”. 





5.2 A concordância nominal na construção dos sentidos do texto 


     A concordância não se estabelece apenas entre verbo e sujeito, mas também entre certas palavras que combinam com nomes (substantivos, adjetivos). Por exemplo, o artigo (definido ou indefinido) combina com o substantivo para determiná-lo; o adjetivo, com o substantivo para caracterizá-lo, os numerais com o substantivo para indicar quantidade, ordem, divisão, multiplicação; os pronomes 
para substituir os substantivos, evitando repetições, ou quando s acompanham. 
     O princípio básico da concordância nominal é o de que toda palavra que se relaciona a um substantivo deverá concordar com ele em gênero (masculino ou feminino), número (singular ou plural) e grau (normal, aumentativo, diminutivo). Vejamos alguns exemplos de termos relacionados a nomes na frase: 

Há também casos em que um mesmo adjetivo se relaciona com dois substantivos de gênero e/ou número diferentes. Veja os exemplos: 

1) Eles compraram uma geladeira e um fogão usados. 

Nesse caso o adjetivo  usados  se refere aos substantivos geladeira (feminino) e fogão ( masculino) e se manteve no masculino plural. 
2) Eles conseguiram encontrar boas roupas e sapatos. 

Nesse caso o adjetivo  boas  se refere aos substantivos roupas e sapatos e se manteve no feminino plural. 

Você reparou a diferença? A explicação é simples: quando ocorre de um mesmo adjetivo se relacionar a dois substantivos de gênero/número diferentes há regras especiais. Veja: 

1- Quando o adjetivo vier  após dois substantivos de gêneros distintos, ele pode concordar com o adjetivo mais próximo ou com os dois  –  ficando no masculino plural. Essa escolha vai depender da intenção do autor do texto. 
      Se o adjetivo refere-se exclusivamente ao que está mais próximo, então ele concordará somente com ele. Caso refira-se aos dois, ficará no masculino plural. Sendo assim, para o  exemplo 1 seria possível dizer:  

Eles compraram uma geladeira e um fogão  usado. 

Nesse caso, entende-se que apenas o fogão era usado. 
2- Quando o adjetivo vier antes dos substantivos ele deve combinar em gênero e número com o substantivo mais próximo (exemplo 2). 

Observe mais uma vez: 
Tenho cabelos e sobrancelhas escuros. (regra 1) 
Era uma feira para apresentar antigos carros e motos. (regra 2) 








Números e Numerais / Horas 
HORAS 

  O padrão oficial é grafar as horas em algarismos seguidos de h, min e s: 10h 
/ 22h10min15s (sem ponto final depois das letras) 

  Se não forem mencionados os segundos, a grafia será: 14h30min / 14h30m 
/ 14h30. 

  Em situações especiais, como em jogos, por exemplo, aceita-se a grafia 
14:30. 

  A palavra hora é escrita por extenso quando indica horário: Por volta das 
16 horas 

  Os números devem ser escritos por extensos quando designarem duração: 

  A palestra durou quase três horas.  

  Foram quatro horas de viagem pelo rio. 

  O acento indicativo de crase é obrigatório nestes casos: 

  Às 9 horas  às 18h50   das 17h30m às 18h45m 

  É sempre melhor utilizar as formas: 

  14 horas (não 2 da tarde) 20 horas (não 8 da noite) 
OBS.: 12h30m por extenso: meio-dia e meia (meia hora) 

NÚMEROS E NUMERAIS 

      O padrão para o texto é grafar os números de um a dez e escrever em algarismos 
os números de 11 em diante: Seis palavras //  três dias  //  11 alunos //   18 casas 
Nos casos em que houver necessidade de grafar um número por extenso, deve-se: 

  intercalar o e entre as centenas, as dezenas e as unidades: 

  oitocentos e trinta e três  cinquenta e novembro 


  omitir o e (e a vírgula) entre o milhar e as centenas: mil cento e trinta e um  

  colocar o e se, após o milhar, vier só a centena, só a  dezena ou só a 
unidade: mil e cem  mil e vinte     mil e quatro